Na manhã da última quarta-feira (6), teve início a terceira edição do Festival Salvador Capital Afro (FSCA), que este ano se destaca em um formato pocket, focado no fortalecimento de negócios da economia criativa negra. O evento, realizado no Quarteirão das Artes, no Centro Histórico de Salvador, reúne até o dia 8 artistas, empreendedores e lideranças do setor cultural, além de curadores nacionais e internacionais.
A cerimônia de abertura contou com a presença da vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos; do secretário municipal de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho; da secretária municipal da Reparação, Ivete Sacramento; do subsecretário de Cultura e Turismo, Walter Pinto, que coordena o Programa Salvador Capital Afro; da diretora de Cultura de Salvador e coordenadora do Festival, Maylla Pita; e do presidente da Fundação Zumbi dos Palmares, João Jorge, representando a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
De acordo com a vice-prefeita, Ana Paula Matos, o FSCA “dá a oportunidade de mostrar ao mundo quem somos para além de nossas fronteiras. Esse é um momento para quebrarmos as barreiras visíveis e invisíveis que nos cercam. Vivemos em uma cidade que ainda carrega marcas do racismo, uma cidade que ainda necessita de políticas de reparação, embora esperemos que, no futuro, essas ações possam se tornar desnecessárias, substituídas pela verdadeira transversalidade que permeia a vida do nosso povo e se expanda para o mundo”, afirmou.
Para o secretário de Cultura do município, Pedro Tourinho, a terceira edição do festival está consolidando a programação do Salvador Capital Afro no calendário da cidade. “As coisas estão acontecendo naturalmente: já temos mais investimento privado, mais artistas vindo para cá, e demanda de conexões internacionais para a cidade. Salvador Capital Afro está avançando e transformando a cidade”, destacou.
Logo após a cerimônia, o painel inaugural “Mulheres negras movem o mundo: protagonismos femininos, empreendedorismo negro e criatividade” reuniu no Espaço Cultural da Barroquinha vozes femininas influentes do Brasil e do exterior. Lylly Houngnihin, do Benin, e Jiselle Steele, do Reino Unido, compartilharam suas experiências com Oilda Rejane e Flávia Paixão, sob a mediação de Luana Nazareth, abordando os desafios e conquistas das mulheres negras na economia criativa.
O primeiro dia trouxe uma programação extensa com atividades voltadas para as três linguagens prioritárias do festival: artes visuais, música e audiovisual. No segmento musical, o festival promoveu um pitch exclusivo para artistas pré-selecionados, que puderam se apresentar a players do mercado local e nacional. Em seguida, a masterclass sobre direitos autorais e a história do desenvolvimento das culturas periféricas foi ministrada por Rebeca Elen, no Café Nilda Spencer.
No audiovisual, o painel “Ajeum para o mercado audiovisual” reuniu as experiências de Taís Amordivino, Marcela Lisboa e Maristela Matos, sob a mediação de Vânia Lima, na Sala Harildo Deda. O encontro foi seguido pela oficina de produção de conteúdo para creators emergentes, facilitada por Letícia Sotero, fundadora do Asminas Conteúdo Digital.
Outro destaque do dia foi a Feira Afrobiz, que reúne afroempreendedores de diversos segmentos, como moda, artesanato, acessórios e cosméticos. A feira oferece uma vitrine de visibilidade e um espaço de troca e inspiração para os empreendedores e visitantes, com homenagens especiais aos participantes do programa AfroEstima Salvador, iniciativa que visa capacitar e fortalecer o afroempreendedorismo na cidade.
A noite foi encerrada com showcases vibrantes no Pátio Iyá Nassô, onde o público pôde conferir apresentações da DJ Nai Kiese, Áurea Semiseria, Odillon e Skanibais, promovendo o talento musical local e celebrando a diversidade artística presente no festival.
Nos dias 7 e 8 de novembro, o Festival Salvador Capital Afro traz uma programação rica em atividades para o fortalecimento das artes visuais, música e audiovisual. No dia 7, artistas visuais participarão de um pitch exclusivo com curadoria de Tiago Sant’ana, enquanto o segmento musical contará com uma masterclass sobre supervisão musical com Mário di Pói, além de consultorias para profissionais do audiovisual conduzidas por nomes como Elísio Lopes Jr. e Talita Arruda.
Encerrando o festival no dia 8, destacam-se oficinas práticas, como a de organização de portfólios artísticos e uma imersão de música eletrônica afrodiaspórica para DJs e beatmakers. No audiovisual, o painel “A reconstrução de Narrativas Negras pelo mundo” reunirá vozes internacionais e locais, culminando com o lançamento do livro Os 50 pioneiros africanos por Tèju Baba. As noites do festival contarão ainda com showcases musicais no Pátio Iyá Nassô, onde o público poderá apreciar apresentações de DJs e artistas da cena afro-baiana, como Malê Debalê e DJ Lunna Montty.